Durante um encontro promovido pelo Grupo Esfera Brasil, em São Paulo, Rubens Ometto, presidente do grupo Cosan e um dos maiores doadores da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teceu duras críticas à condução da política econômica do atual governo. O empresário destacou a gravidade da situação fiscal do país e apontou a ausência de medidas efetivas para a redução do déficit fiscal como principal entrave ao desenvolvimento econômico.
“Acho que a gente está numa situação muito difícil. […] Está muito fácil resolver, é só resolver o problema do déficit fiscal que tudo se assenta, mas eles não querem fazer. […] Estamos ferrados porque a alta administração do nosso país acha que está certo e não quer fazer nada. É uma pena”, afirmou Ometto durante o evento. Ele alertou ainda que, sem um ajuste fiscal, os juros permanecerão elevados, desestimulando investimentos em infraestrutura e parcerias público-privadas.
O evento contou com a presença de Gabriel Galípolo, indicado para a presidência do Banco Central, a quem Ometto direcionou um questionamento. Usando uma metáfora automobilística, o empresário questionou se a autonomia do Banco Central está limitada apenas ao controle de juros, enquanto as questões estruturais permanecem negligenciadas. Galípolo respondeu, reafirmando que a política monetária é inteiramente conduzida pelo Banco Central, que dispõe das ferramentas necessárias para sua atuação.
Histórico de críticas ao governo
Essa não foi a primeira manifestação de insatisfação de Rubens Ometto com as ações do governo Lula. Em junho deste ano, durante outro evento do Grupo Esfera no Guarujá, o empresário acusou o governo de “desrespeitar” a lei ao propor aumento de impostos. Na ocasião, ele declarou: “Do jeito que está, com o governo querendo meter a mão, querendo taxar tudo, não dá”.
Relevância no cenário político e econômico
Além de Ometto e Galípolo, o encontro reuniu nomes de peso do setor empresarial, como André Esteves (BTG Pactual), Joesley Batista (J&F) e Carlos Jereissati (Iguatemi). O debate destacou a crescente preocupação de investidores e empresários com os rumos da política econômica, especialmente em relação à sustentabilidade fiscal e à estabilidade econômica.
O discurso de Ometto reflete o descontentamento de uma parcela significativa do empresariado com o que consideram uma falta de comprometimento do governo com reformas estruturais necessárias para garantir a confiança e estimular o crescimento econômico.