Nos últimos meses, as ruas de diversas cidades brasileiras se tornaram palco de manifestações inusitadas e espontâneas, com faixas, pichações e cartazes clamando pela volta do ex-presidente Jair Bolsonaro, popularmente conhecido como “Capitão do Povo”. Essas mensagens, que emergem em avenidas movimentadas, muros de comunidades e outras vias públicas, têm provocado reflexões e polêmicas sobre o atual estado de insatisfação popular com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Faixa em Manaus alude ao ‘governo do ódio’ como solução
Uma das mensagens mais emblemáticas foi registrada em uma avenida movimentada de Manaus, capital do Estado do Amazonas. A faixa trazia os dizeres: “Pelo amor de Deus, volte Bolsonaro”, e destacava que o “governo do ódio” seria uma solução para o “custo alto” gerado pelo “governo do amor” — em referência ao discurso adotado por Lula durante a campanha eleitoral de 2022. Na ocasião, o então candidato petista apresentou sua candidatura como uma “esperança para vencer o medo” e prometeu uma gestão baseada no “amor” e na reconciliação social e política.
Promessas de campanha sob questionamento
Desde que assumiu o terceiro mandato, em janeiro de 2023, Lula tem enfrentado desafios que colocam em xeque as promessas feitas durante sua campanha. A economia continua enfrentando dificuldades, com o avanço da inflação e a perda do poder de compra da população. Além disso, o clima político permanece polarizado, marcado por retóricas acirradas e embates entre grupos de extrema esquerda e setores mais conservadores da sociedade.
A situação econômica também não inspira confiança. Com perspectivas incertas e o descontentamento crescente entre diferentes classes sociais, as tensões políticas se refletem em manifestações de diferentes tipos, como as faixas e pichações que pedem o retorno do ex-presidente Bolsonaro ao poder.
Manifestações em comunidades carentes e no Distrito Federal
Não é apenas em Manaus que esse fenômeno tem sido registrado. Em comunidades carentes de Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, pichações em muros combinam os nomes de Bolsonaro e Lula, muitas vezes em tom de crítica ao governo atual. Algumas mensagens ressaltam o aumento do custo de vida e a insegurança quanto ao futuro econômico do país, enquanto outras simplesmente clamam pela volta do ex-presidente. No Distrito Federal, muros estampam frases pedindo desculpas a Bolsonaro por não terem votado em sua reeleição.
Polarização persistente
Os pedidos pela volta de Bolsonaro revelam não apenas a insatisfação com o governo Lula, mas também a permanência de uma polarização política que atravessa o país. Para analistas, essas manifestações indicam que a sociedade brasileira continua dividida entre duas narrativas que se confrontam desde as eleições de 2018: de um lado, os que defendem uma gestão mais alinhada aos valores tradicionais e à disciplina fiscal; de outro, os que acreditam em uma gestão focada na inclusão social e no fortalecimento do papel do Estado.
O que vem pela frente?
Embora as faixas e pichações sejam expressões simbólicas, elas evidenciam uma tensão latente no tecido social do Brasil. A insatisfação com o governo Lula e o apelo pela volta de Bolsonaro ilustram um momento delicado da política brasileira, marcado pela incerteza econômica, polarização ideológica e um eleitorado que busca respostas para suas demandas imediatas e soluções para um futuro mais estável.